Esta é uma questão de difícil resposta por não termos o habito de olharmos constantemente para a nossa realidade existencial. Para uns existir é correr atrás do que se deseja; para outros é refletir o que é que se deseja e o que isso significa para a sua vida. O apostolo Paulo a vê como tempo de transformação que foi se sucedendo aos poucos (de perseguidor passou a ser um grande anunciador da palavra de Cristo). No estágio final de seus dias ele a vê como oferenda a ser devolvida a Deus, de onde saiu. Este momento final de sua existência não é um vazio e um sofrimento, é sim um descanso, uma entrega àquele que lhe deu um novo ser. É esta relação com a vida que o faz entrar num tempo de serenidade e paz.
Segundo Lc 18,9,uns se viam cheios de justiças e de importância aos olhos dos outros e não percebiam que a sua existência estava fundamentada em princípios falsos, que eram a arrogantes e a prepotentes. Ao contrário, aquele que parecia nem ter existência própria porque sua prática fora, durante muito tempo, de desonestidade e de roubo, é quem demonstra mergulhar mais profundamente em si mesmo e se reconhecer frágil, limitado e dependente de uma força maior, expressada sinceramente, ao dizer em sua oração que tivesse compaixão do pecador que era (Lc,18,13), revelando, assim, que a proximidade e o encontro com Deus somente acontece pela humildade de nossos corações.
O que justifica (Lc 18,14) nossas ações é a compreensão que temos sobre nós mesmos e sobre aquilo que faz parte de nossas vidas. A intensidade positiva do nosso viver com a família, revela à nossa existência que seu sentido profundo é amor, servir e perdoar. A forma perseverante de como vivemos nossa fé comunitária mostra-nos a convicção e a certeza que sentia Paulo na fase final de sua vida, de que combatemos o bom combate e guardamos com muito cuidado esse tesouro despertado em nós que é a fé.
Portanto, irmão e irmã, somos convidados a ver nossa existência como herdeiros dos propósitos do Criador. Para recebermos a coroa da justiça, dada a nós como recompensa, precisamos anseá-la, querê-la e buscá-la, e percebermos que é o Senhor que nos mostra quem somos e então enche-nos de forças (2Tim 4,17), para anunciar a todos que enxergamos agora, a nossa existência de maneira plena e feliz, porque fomos libertados das caricaturas que fazíamos de nós mesmos, por desconhecer a sua essência.
(Escrito por rev. Luiz Pereira)
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